Semeando saberes e práticas das Sementes Crioulas e das nascentes de água

AUTORA
Professora Maria Janete Ferreira da Lus Leite, Terceiro, quarto e quinto anos

No dia 08 de abril tivemos na Escola Rural Municipal de Faxinal dos Galvão a visita da Professora Mestre em História e Doutoranda em Geografia Cleusi T. Bobato Stadler. Ela ministrou uma aula e conversa com os alunos do 3º. e 4º. Ano, sobre a História dos FAXINAIS no Paraná e Região de Imbituva, sobre as primeiras famílias portuguesas e italianas no Faxinal dos Galvão e Bela Vista, seus costumes, modo de vida, práticas nos faxinais e agricultura local. Destacou a contribuição destes imigrantes na formação dos Sistemas de Faxinais na região, o uso das sementes crioulas, as práticas com essas sementes desde os indígenas até a geração dos avôs e pais dos alunos. Fez uma exposição das amostras de sementes e destacou o “Banco de Sementes Joaquim e Juvelina Leite” criado no NEA – Núcleo de Estudos Agroecológicos, de Antônio Silvestre Leite em parceria com o Grupo Interconexões da UEPG/PR

Essa atividade faz parte do projeto da escola "Semeando saberes e práticas das Sementes Crioulas e das nascentes de águas”, criado e desenvolvido pela Prof. Maria Janete, que tem por objetivo analisar com os alunos, a história do Faxinal dos Galvão em Imbituva/ PR, identificando nesta comunidade saberes, práticas, memórias no cultivo das sementes que ainda permanecem na vivência das famílias, bem como a manutenção de nascentes de água como formas de conservação da agrobiodiversidade.

A professora Cleusi iniciou explicando a origem do grande Faxinal dos Galvão, Bella Vista e Ribeira, o porquê do nome da nossa comunidade, os costumes do cultivo das sementes herdados dos indígenas, a contribuição dos imigrantes bem como a identificação dos sobrenomes dos alunos relacionando-os com as etnias de origem italiana, alemã e portuguesa.

Também comentou sobre o “Sistema de Faxinais – criadouro, onde os animais eram criados soltos”, que esse costume foi trazido pelos imigrantes portugueses e espanhóis (na região Ibérica já existia essa forma de organização). Que juntamente com os costumes indígenas, caboclos, camponeses, nas práticas da agricultura, no cultivo da erva mate, na produção e armazenamento das sementes crioulas, nas práticas/chás das ervas medicinais, nas heranças culinárias (virado faxinalense, polenta, paçoca de carne de porco), devoções religiosas (Santo Antônio, N. S. do Carmo, N. S. do Rosário, Romaria do Divino), foram se formando os costumes e tradições que conhecemos hoje.

Tudo isso faz parte da nossa geo-história e nosso papel hoje é o de manter e conservar esses conhecimentos adquiridos da natureza e sua biodiversidade, bem como, preservar a agrobiodiversidade, agro-florestas, florestas nativas, raças crioulas de porcos faxinalenses. Explicou também sobre a necessidade da preservação das nascentes como uma das únicas alternativas para manter a natureza intacta e resistente, bem como a (re) existência das sementes crioulas e seus guardiões que significa luta em favor da cultura e identidade dos sujeitos, dos seus anseios, necessidades dos faxinalenses /agricultores rurais.

Encerrou a visita com a exposição das sementes crioulas coletadas com agricultores guardiões em várias “Comunidades Tradicionais Quilombolas, Faxinalenses, Caiçaras e Camponesas” de nosso estado, em seu projeto de Doutorado.

Foi um dia muito produtivo, onde houve ótima participação dos alunos, que se sentiram motivados a trabalhar nesse projeto, identificando-se como sujeitos constituintes de uma história, de vivências e práticas realizadas por seus pais e avós, os quais são de grande importância para a conservação da agrobiodiversidade e das nascentes de água de nosso município.




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